"Levantar escudos." Esta frase é familiar para todos os amantes dos filmes de ficção científica. Quando o perigo se aproxima, o capitão da espaçonave simplesmente ordena que os escudos sejam acionados - e uma proteção magnética se arma ao redor da nave, protegendo-a de todos os perigos.
Nesses filmes, o maior objetivo dos escudos geralmente é a proteção contra as armas dos inimigos. Mas, embora o homem não tenha ainda descoberto um inimigo interplanetário para desafiar, há problemas muito sérios no espaço, que ameaçam a vida dos astronautas.
Magnetosfera
Os raios cósmicos e, principalmente, a radiação do Sol, podem causar sérias doenças aos astronautas, podendo inclusive levá-los à morte.
Quando estamos na superfície da Terra, estamos protegidos dessa radiação pelas diversas camadas da atmosfera terrestre. E o campo magnético terrestre - a magnetosfera - se estende muito além da superfície do nosso planeta, protegendo os astronautas quando eles estão em órbita, como no caso da Estação Espacial Internacional. Ainda assim, a ISS possui um compartimento especial, dotado de grossas paredes, onde os astronautas ficam confinados sempre que se observa alguma atividade mais forte no Sol.
A magnetosfera terrestre funciona como um "campo de força", uma espécie de barreira de plasma que protege nosso planeta e desvia a maior parte das partículas energéticas que vêm do Sol e do espaço profundo.
Durante as primeiras missões à Lua, nas décadas de 1960 e 1970, os astronautas ficavam cerca de 10 dias fora da magnetosfera terrestre. Apenas por sorte eles nunca foram pegos desprevenidos por uma grande erupção solar. Se isto tivesse acontecido, a história da exploração espacial certamente seria diferente.
Escudo protetor
Agora, cientistas do Laboratório Rutherford Appleton, na Inglaterra, estão tentando criar uma "magnetosfera artificial" que possa ser ser utilizada pelas espaçonaves, protegendo os astronautas das radiações letais quando eles estiverem viajando para Marte e para outros planetas.
Os cientistas vão tentar explorar o fato de que nuvens de plasma têm fortes campos elétricos e magnéticos que, em princípio, são capazes de desviar partículas de alta energia.
Inicialmente o enfoque não terá o mesmo estilo "clean" do escudo da Enterprise, por exemplo. Ao invés de um campo azulado ao redor da nave, os engenheiros estão usando fios. Quando uma corrente elétrica percorre esses fios, dispostos na forma de uma bobina ao redor de sua nave experimental, cria-se um campo magnético que poderá aprisionar uma nuvem de plasma.
Até o final deste ano os pesquisadores esperam testar sua idéia em uma câmara de vácuo de 2 metros de diâmetro. "Com sorte nós conseguiremos enviar ao espaço uma missão de testes nos próximos, digamos, 10 ou 15 anos," diz Robert Bingham, coordenador do projeto.
