sábado, 16 de janeiro de 2010

Cientistas estão criando espaçonaves capazes de se auto-consertar


Sondas e naves espaciais são algumas das estruturas mais difíceis de se construir. Além da precisão exigida, elas devem funcionar em um ambiente muito diferente da superfície terrestre, sem ar e com temperaturas que variam centenas de graus Celsius em poucos minutos. E, o que é pior, uma vez em órbita ou a caminho de outros corpos celestes, não há virtualmente nenhuma chance de se consertá-las, caso elas não funcionem conforme esperado.

Agora, cientistas da Agência Espacial Européia estão desenvolvendo uma solução inovadora para esse problema: eles estão criando espaçonaves capazes de se auto-consertar.

"Quando nós nos cortamos, não temos que colar nossa pele, nós possuímos um mecanismo de cicatrização. Nosso sangue se endurece para formar um selo protetor para a nova pele, que irá se formar embaixo," exemplifica o Dr. Christopher Semprimoschnig, coordenador da pesquisa, que está sendo realizada na Universidade de Bristol, Inglaterra.

Espaçonaves também estão sujeitas, não exatamente a cortes, mas a fraturas causadas pela variação de temperatura ou pelo impacto de micrometeoritos - minúsculos grãos de poeira espacial, viajando a velocidades de vários quilômetros por segundo. Essas fraturas vão aumentando ao longo da vida útil da espaçonave, até que ele deixe de funcionar irremediavelmente.

O desafio dos cientistas foi imitar o processo biológico humano, tapando as minúsculas fissuras, antes que elas se espalhem e se transformem em algo mais sério.

Eles fizeram isto substituindo uma pequena parte das fibras que compõem o material da parte externa das naves, com fibras ocas, que contêm, em seu interior, um adesivo. Ironicamente, para resolver o problema das fissuras, eles tiveram que utilizar fibras que se quebrem facilmente. O vidro se mostrou uma excelente opção. "Quando o dano ocorre, as fibras devem se quebrar facilmente, ou elas não conseguirão liberar os líquidos para preencher as fissuras e fazerem o conserto," explica Semprimoschnig.

Nos humanos, o ar reage quimicamente com o sangue, endurecendo-o. No ambiente sem ar do espaço, os cientistas tiveram que utilizar dois tipos de material, um adesivo e um endurecedor, armazenados em fibras diferentes. Quando elas se quebram, os dois componentes se misturam, endurecendo rápido o suficiente para que não evaporem antes que o conserto esteja terminado.

"Nós demos o primeiro passo, mas há ainda pelo menos uma década antes que esta tecnologia possa ser utilizada de fato em uma espaçonave," diz Semprimoschnig, que acredita que serão necessários ainda muitos testes em larga escala.