




Introdução
Se você gosta de ficção científica, deve saber que a idéia de colonizar a Lua remete a algumas histórias incrivelmetne imaginativas. Porém, há uma boa possibilidade de que as cidades lunares irão se tornar uma realidade nos próximos séculos! A colonização de Marte é também outra opção. Neste momento, um dos maiores problemas para a colonização lunar é a questão dos materiais de construção. Não há nenhuma loja de materiais de construção na Lua, de modo que eles têm que vir de algum lugar. O único lugar para o fornecimento de materiais nesse momento é a Terra, com o ônibus espacial atuando como um caminhão. Só que a utilização do ônibus espacial desse modo é algo como usar o Sedex para adquirir todos os materiais para construir uma casa - é inacreditavelmente caro e pouco eficiente!
Os asteróides podem ser um lugar muito melhor para a aquisição dos materiais. Evidências preliminares sugerem que existem trilhões de reais em minerais e metais enterrados em asteróides próximos da Terra. Os asteróides estão tão perto que muitos cientistas pensam que uma missão de exploração de asteróide seja facilmente realizável. Várias organizações internacionais estão desenvolvendo planos de subida para obterem esses recursos naturais no espaço.
Equipamentos de mineração na superfície, extrai ferro e outras matérias-primas de um asteróide. No primeiro plano, um vagonete de mina transporta os materiais a uma fábrica de processamento.
Nesta edição, nós examinaremos o que os mineiros de recursos valiosos poderiam encontrar em asteróides e discutir como uma operação de mineração espacial poderia adquirir esses recursos fora!
Recursos valiosos de asteróides
Foto cedida pela NASA
O cinturão de asteróides Ida é um metal rico tipo S que poderia ser explorado para abastecimento de colônias espaciais
Os especialistas pensam que os asteróides são sobras de material da antiga formação do sistema solar ou escombros da destruição de um planeta. Existem milhares de asteróides circundando o Sol. A maioria está agrupada dentro do cinturão de asteróides, entre as órbitas de Marte e Júpiter. Alguns asteróides que vagueiam nesta órbita, não obstante, voam ocasionalmente perto da Terra - você provavelmente ouviu falar da possibilidade destes asteróides chocarem-se contra a Terra no futuro, como no filme "Armageddon". A maioria dos asteróides se encaixam em três categorias básicas:
tipo C - mais de 75% dos asteróides conhecidos se encaixam nessa categoria. A composição dos asteróides tipo C é similar ao do Sol sem o hidrogênio, hélio e outros voláteis;
tipo S - aproximadamente 17% dos asteróides são desse tipo. Estes contêm depósitos de níquel, ferro e magnésio;
tipo M - um pequeno número de asteróides é deste tipo, contendo níquel e ferro.
Mesmo sem uma missão tripulada para fazer um estudo em larga escala de um asteróide, os cientistas sabem muito sobre seu conteúdo. Os astrônomos utilizam o telescópio espectroscópico, que analisa a luz refletida da superfície do asteróide, para descobrir o que pode haver nele. Além do ferro, níquel e do magnésio, os cientistas pensam que a água, oxigênio, ouro e platina também existam em alguns asteróides. A água interessa à maioria dos exploradores espaciais porque ela poderia manter uma colônia espacial viva. Sem água, não há realmente meio de avançar com a exploração espacial humana. A água poderia também ser "quebrada" em hidrogênio e oxigênio para formar motor de foguete propulsor. O minério de metal nos asteróides poderia ser explorado e ser usado para construir astronaves e outras estruturas para uma colônia espacial.
As corporações que não teriam interesse na exploração do espaço para aventura e ciência poderiam se interessar nos tesouros resultantes da operação de mineração no espaço, podendo ser enviados de volta à Terra. Uma reportagem da NASA (em inglês) estima que as riquezas minerais no cinturão de asteróides podem exceder R$ 230 bilhões para cada uma das 6 bilhões de pessoas na Terra. John S. Lewis, autor do livro de mineração do espaço Explorando o Céu, disse que um asteróide com o diâmetro de um quilômetro deveria ter massa aproximada de 2 bilhões de toneladas. Existe possivelmente um milhão de asteróides deste tamanho no sistema solar. Um destes asteróides, de acordo com Lewis, conteria 30 milhões de toneladas de níquel, 1,5 milhões de toneladas de cobalto e 7.500 toneladas de platina. Somente a platina valeria mais de R$ 315 bilhões!
Os asteróides têm um potencial fantástico para a indústria. Mas o que irá pousar em um asteróide, achar estes valiosos materiais, extrair e processá-los? Na próxima seção, você descobrirá como as operações de mineração em asteróides podem suprir a Terra e as colônias em outros planetas com a plenitude de materiais.
Extração e processamento
A iniciativa para montar uma operação de mineração em um asteróide é um problema de economia simples. Se a construção de uma mina em asteróide irá custar bilhões de reais, ela ainda será muito mais barata que o transporte de materiais da Terra para a Lua ou Marte. Espaçonaves teriam que levar comida e materiais para a tripulação mineira e o equipamento para a mina. Espaçonaves recentemente desenvolvidas devem tornar possível a aterrissagem em um asteróide. Afinal de contas, nós já pousamos na Lua e alguns asteróides passam mais perto do que ela. A ida de uma espaçonave a um asteróide necessitaria de menos foguetes, força e combustível que uma viagem até a Lua.
Um dos problemas seria como impedir o asteróide de girar enquanto estiver sendo explorado. Alguns peritos sugerem que prender foguetes ao asteróide tiraria seu giro. Mas uma vez que os mineiros pousem no asteróide, como exatamente eles planejam cavar, processar os materiais extraídos e transportá-los de uma colônia espacial para a Terra?
Ninguém sabe com segurança como a primeira mina em asteróide se parecerá, mas eis algumas hipóteses:
a maquinaria seria provavelmente alimentada pela energia solar, para reduzir a necessidade de combustível que teria de ser transportado ao asteróide pela espaçonave;
o equipamento também teria que ser de peso leve para transportar o combustível ao asteróide;
alguns peritos, incluindo Lewis, têm encarado com bons olhos o uso de equipamento robotizado limitando o pessoal necessário para levar a cabo o projeto de mineração. Isto reduziria a quantidade de materiais, como comida, exigida para uma missão tripulada;
os mineiros em asteróides utilizariam técnicas similares àquelas usadas na Terra. O método provável seria escavar o material desejado para fora do asteróide, e construir um túnel em veias para substâncias específicas. A escavação, ou a mineração em superfície, irá arrancar o valioso minério que flutuaria fora do asteróide;
dado que muito material sairia voando, um pálio grande poderia ser usado para coletá-lo;
os asteróides não têm quase nenhuma gravidade, assim o equipamento mineiro e os astronauta-mineiros que operam, teria que usar agarras para ancorá-los ao chão. Porém, a falta de gravidade é uma vantagem para se mover o material extraído ao redor sem ter que usar muita força;
uma vez que o material carregado estiver pronto para ser enviado à Terra ou uma colônia espacial, um combustível de foguete para uma espaçonave de carga poderia ser produzido, transformando a água do asteróide em hidrogênio e oxigênio;
após a extinção dos minerais e recursos do asteróide pelo projeto de mineração, o equipamento poderia ser transportado para o próximo asteróide.
Por causa da falta de gravidade e atmosfera, o transporte em balsa dos materiais recentemente extraídos à Lua seria fácil. Uma vez lá, eles podem ser refinados e configurados em estruturas!
Introdução
Já faz quase 40 anos que estamos indo ao espaço, mas todas as viagens não passaram de estadias temporárias em órbita. No entanto, três astronautas ficaram quatro meses morando na Estação Espacial Internacional (ISS), no ano 2000, marcando o início de uma década e meia de presença humana permanente no espaço. A chegada destes três astronautas à ISS levou um representante da NASA a dizer: "Estamos entrando no espaço de uma vez por todas com as pessoas girando ao redor do nosso mundo e, mais adiante, vamos a Marte..."
Desenho artístico de como pode ser uma colônia em Marte após a terraformação
Mas por que iríamos querer ir a Marte? As fotos tiradas das sondas que enviamos para lá, desde 1964, mostraram que Marte é um planeta desolado e sem vida com, aparentemente, muito pouco a nos oferecer. Além disso, sua atmosfera é muito fina e não há sinais da existência de vida. No entanto, Marte pode ser importante para a continuação da raça humana. Há mais de seis bilhões de pessoas na Terra e esse número continua a crescer sem parar. E é essa superlotação, ou a possibilidade de um desastre planetário, que irá nos forçar a eventualmente refletir sobre novas moradas no sistema solar e Marte pode ter mais a nos oferecer do que as fotos de sua paisagem árida nos mostram.
Recentemente, sondas da NASA descobriram vestígios de um passado mais quente em Marte. Um passado em que a água pode ter corrido pelo solo e vida pode ter existido. E com as evidências fluviais indicando que ainda possa existir água congelada em Marte, há muitos que sugerem que a raça humana poderia fazer de Marte seu segundo lar. Tal esforço para colonizar Marte teria início com a alteração do clima e atmosfera atuais para algo mais parecido com os da Terra. E é justamente este processo de transformar a atmosfera marciana com o intuito de criar um ambiente de vida mais habitável que é chamado de terraformação. Nesta artigo, você vai descobrir o motivo pelo qual Marte é o candidato ideal para colonização e como planejamos adaptar o planeta vermelho para que o habitemos.
Por que Marte?
Foto cedida NASA
Marte tem todos os elementos necessários para sustentar a vida.
Marte fascina os homens já há algum tempo, fato evidente nos montes de livros e filmes produzidos sobre o planeta só no último século. Cada história cria sua própria imagem do que poderia existir no planeta vermelho. Mas o que é que Marte tem que fascina tanto? Embora Vênus normalmente seja chamado de planeta irmão da Terra, as condições nesse planeta de chamas são inabitáveis. Mas Marte, por outro lado, é o planeta mais próximo a nós, embora seja frio e seco atualmente, tem todos os elementos necessários para que a vida exista, incluindo:
água, que pode estar congelada nas calotas polares
carbono e oxigênio na forma de dióxido de carbono (CO2)
nitrogênio
Há semelhanças incríveis entre a atmosfera marciana existente atualmente e a atmosfera que existia na Terra há bilhões de anos. Logo que a Terra se formou, não havia oxigênio em nosso planeta e ele, assim como Marte, parecia um planeta desolado e inabitável. A atmosfera era totalmente feita de dióxido de carbono e nitrogênio. Demorou muito até que as bactérias capazes de realizar a fotossíntese se desenvolvessem para que oxigênio o bastante fosse produzido permitindo também o desenvolvimento de animais. De maneira semelhante, a fina atmosfera de Marte, atualmente, é toda composta por dióxido de carbono. Veja a composição da atmosfera de Marte:
95,3% de dióxido de carbono
2,7% de nitrogênio
1,6% de argônio
0,2% de oxigênio
A atmosfera da Terra, por outro lado, consiste em 78,1% de nitrogênio, 20,9% de oxigênio, 0,9% de argônio e 0,1% de dióxido de carbono e outros gases. Como você pode ver, teríamos de levar quantidades enormes de oxigênio e nitrogênio se quiséssemos sobreviver em Marte atualmente. Porém, a semelhança entre as atmosferas da Terra nos primórdios e de Marte atualmente levaram alguns cientistas a especular que o mesmo processo que fez uma atmosfera de dióxido de carbono transformar-se em ar respirável aqui, poderia ser reproduzido em Marte. O que também aumentaria a espessura da atmosfera e criaria um efeito estufa para aquecer o planeta e fornecer um ambiente apropriado para a existência de plantas e animais. A temperatura média da superfície de Marte é de meros -62,77º C, com extremos variando de 23,88º C até menos de -73,33º C. Para se ter uma comparação, a temperatura média da superfície da Terra é de cerca de 14,4º C. Mas há outras características de Marte que são bastante parecidas com as da Terra e nos deixam imaginar que seria possível habitá-lo:
uma taxa de rotação de 24 horas e 37 minutos (Terra: 23 horas e 56 minutos)
inclinação do eixo em 24º (Terra: 23,5º)
um terço da força gravitacional da Terra
está perto o bastante do Sol para ter estações - Marte está cerca de 50% mais longe do Sol do que a Terra
Outros planetas também já foram considerados como possíveis candidatos à terraformação, incluindo Vênus, Europa (uma Lua de Júpiter) e Titã (uma Lua de Saturno). No entanto, Europa e Titã estão muito distantes do Sol, e Vênus está próxima demais (a temperatura média de Vênus é de cerca de 482º C). Marte é o único planeta do sistema solar, sem contar a Terra, que pode ter condições de abrigar vida. Na próxima seção, veja como cientistas planejam transformar o cenário seco e frio de Marte em um habitat quente e capaz de abrigar vida.
Criando uma estufa marciana
Foto cedida Lightworld
Marte antes e após a terraformação
A terraformação de Marte será um empreendimento enorme se realmente o fizermos um dia. Os estágios iniciais da terraformação poderiam levar várias décadas ou séculos. Realizar o processo no planeta inteiro levaria vários milênios, com alguns até sugerindo que um projeto assim levaria milhares de milênios. Mas, de qualquer maneira, como é que vamos transformar uma terra seca e deserta em um ambiente exuberante, onde pessoas, plantas e outros animais possam sobreviver. Aqui estão três métodos de terraformação já propostos:
grandes espelhos orbitais irão refletir a luz do Sol e aquecer a superfície do planeta
fábricas produtoras de gases do efeito estufa aprisionarão a radiação solar
asteróides ricos em amônia colidirão com o planeta e elevarão o nível de gases do efeito estufa
A NASA está trabalhando em um sistema de propulsão à vela solar que usará grandes espelhos refletores para colher a radiação do Sol e impulsionar uma espaçonave pelo espaço. Outro uso para estes grandes espelhos seria colocá-los a algumas centenas de milhares de quilômetros de Marte e usá-los para refletir a radiação solar e aquecer a superfície de Marte. Os cientistas propuseram construir espelhos de mylar (uma espécie de filme de poliéster) que teriam diâmetro de 250 km e cobririam uma área maior do que o lago Michigan. Esses espelhos gigantes pesariam cerca de 200 mil toneladas, o que significa que seriam grandes demais para serem lançados da Terra. Contudo, há a possibilidade de que os espelhos pudessem ser construídos com material encontrado no espaço. Se um espelho desse tamanho fosse direcionado para Marte, ele elevaria a temperatura da superfície de uma pequena área em alguns graus. A idéia seria concentrar os espelhos nas calotas polares para derreter o gelo e liberar o dióxido de carbono que acredita-se estar preso dentro dele. Durante um período de muitos anos, a elevação na temperatura iria liberar os gases do efeito estufa, como os clorofluorcarbonetos (CFCs), que você pode encontrar no seu aparelho de ar condicionado ou na sua geladeira.
Outra opção para aumentar a espessura da atmosfera de Marte e, por sua vez, elevar a temperatura do planeta seria construir fábricas produtoras de gases do efeito estufa movidas à energia solar. Nós ganhamos muita experiência nessa área no último século, já que inadvertidamente liberamos toneladas de gases causadores do efeito estufa em nossa atmosfera, e que estão elevando a temperatura da Terra. O mesmo efeito de aquecimento poderia ser reproduzido em Marte ao construir centenas dessas fábricas, cujo único propósito seria liberar CFCs, metano, dióxido de carbono e outros gases causadores do efeito estufa na atmosfera.
Essas fábricas de gás teriam que ser transportadas para Marte ou feitas com os materiais já existentes lá, algo que levaria anos para ser processado. E para transportar essas máquinas para Marte, elas teriam que ser leves e eficientes. Essas máquinas iriam imitar o processo natural de fotossíntese realizado pelas plantas: inalar dióxido de carbono e emitir oxigênio. Novamente, levaria muitos anos, mas a atmosfera de Marte seria oxigenada lentamente, chegando ao ponto em que os colonizadores de Marte precisariam apenas de equipamento de auxílio respiratório, em vez da roupa de pressão usada por astronautas. Além disso, também seria possível usar bactérias realizadoras da fotossíntese como substitutas ou auxiliares das fábricas.
O cientista espacial Christopher McKay e Robert Zubrin, autor de The Case of Mars, também propôs um método mais radical para transformar Marte em uma estufa. Ele acredita que lançar em Marte asteróides grandes e gelados contendo amônia produziria toneladas de gases causadores do efeito estufa e água. Para que isso fosse feito, motores de foguetes térmicos nucleares teriam que ser, de alguma forma, presos a asteróides da região periférica do sistema solar. Os foguetes levariam os asteróides a cerca de 4 km/s, por um período de cerca de 10 anos, até que eles se desligariam e deixariam que os asteróides de 10 bilhões de toneladas planassem sem propulsão externa até Marte. A energia liberada com o impacto teria cerca de 130 milhões de megawatts de potência, quantidade suficiente para as necessidades de uma década inteira do nosso planeta.
Se for possível fazer com que um asteróide de tamanho tão enorme colida com Marte, a energia de um impacto elevaria a temperatura do planeta em 3º C. Essa elevação de temperatura repentina derreteria um trilhão de toneladas de água, que é quantidade o bastante para formar um lago de 1 m de profundidade. E várias dessas missões durante um período de 50 anos iriam criar um clima temperado e água suficiente para cobrir 25% da superfície do planeta. A desvantagem é que esse bombardeamento com asteróides (com cada um liberando energia equivalente a 70 mil bombas de hidrogênio de um megaton) atrasaria a colonização humana por séculos.
Embora possamos atingir Marte ainda neste século, poderia levar vários milênios para que a idéia de terraformação fosse realizada por completo. No caso da Terra, bilhões de anos foram necessários para que ela se transformasse em um planeta onde podem prosperar animais e plantas. Transformar a paisagem de Marte em algo semelhante à da Terra não se trata de um projeto simples, mas algo que, provavelmente, levará anos de inteligência e trabalho humano.
Introdução
Embora o ônibus espacial continue sendo uma maravilha tecnológica, a frota está envelhecendo e sua operação fica cada vez mais cara. Problemas recentes com o material isolante colocaram a tripulação em perigo, causando insegurança no vôo e fazendo com que a NASA deixasse toda a frota em terra. Ela precisa de um veículo capaz de transportar a tripulação e a carga útil para a órbita da Terra, da Lua e de Marte. Com a futura exploração em mente, a NASA está trabalhando no projeto de um novo veículo.
Imagem cedida pela NASA/John Frassanito and Associates
Lançamento do veículo
A nova nave espacial da NASA, a Orion Crew Exploration Vehicle, consistirá em duas naves:
o Crew Exploration Vehicle, ou CEV (Veículo de Exploração Tripulado) vai transportar de quatro a seis astronautas;
o Cargo Launch Vehicle, ou CLV (Veículo de Lançamento de Carga) vai transportar carga útil e astronautas, quando necessário.
A Orion terá tecnologias usadas na Apollo e em outros programas de lançamentos espaciais. Será também mais segura e versátil para explorações de longa duração no espaço.
Neste artigo, analisaremos o conceito e a tecnologia do Orion e aprenderemos como isso poderá nos ajudar em explorações na Lua e outras locações.
Fundamentos do CEV
A NASA selecionou a empresa Lockheed Martin para planejar e construir a Orion. Sistemas importantes como potência, navegação, recursos salva vidas, comunicação e computadores terão versões mais avançadas do que as da Apollo e do ônibus espacial.
Imagem cedida pela NASA / John Frassanito and Associates
Conceitos de engenharia do CLV (esquerda) e CEV (direita)
O CEV terá três partes básicas:
a cápsula para abrigar a tripulação;
um módulo de serviço para abrigar o principal sistema de propulsão, sistemas de força e controles de posionamento, que se referem a como a espaçonave se orienta no espaço: direção x, y e z, inclinação, rotação e coordenadas de mudança de direção. A Apollo usou quatro unidades de impulso montados no módulo de serviço para essa tarefa. Os ônibus espaciais usam controladores de reação propulsora localizados no proa e na popa;
um foguete auxiliar para colocar o veículo de exploração tripulado na órbita da Terra.
Haverá um módulo especial para realizar missões em solo lunar.
Imagem cedida pela NASA / John Frassanito and Associates
Veículo da tripulação e módulo de aterrassagem na órbita lunar
A cápsula terá formato cônico como o módulo de comando da Apollo, que é mais aerodinâmico do que o do ônibus espacial. Ao invés de reentrar na atmosfera da Terra a 8 km/s (como o ônibus) o CEV fará a reentrada na atmosfera com uma velocidade mais alta, usada para viagens lunares, de 11 km/s.
Além do formato, a cápsula da tripulação do CEV tem uma série de outras coisas em comum com a Apollo, mas também algumas diferenças:
um diâmetro maior (5 m ao invés de 1,20 m), que abrigará mais tripulantes e carga;
o escudo que fica atrás do protetor térmico será ablativo, isto é, será vaporizado. A Apollo usou um escudo com múltiplas camadas contra o aquecimento, feito de alumínio e resina epóxi, que se vaporizou e foi consumido pelo calor da reentrada. Esse escudo foi projetado para ser usado apenas uma vez, bem como o restante do módulo de comando. O ônibus usa placas cerâmicas térmicas, cobertores térmicos e resina de carbono reforçada para absorver o calor. No entanto, esse conceito já se mostrou mais difícil na prática do que o previsto em seu projeto teórico. O escudo de calor do CEV poderá ser substituído até 10 vezes, fazendo o design do veículo durar;
os air bags do CEV possibilitarão resgates tanto em aterrissagens na terra quanto no mar. Todos os resgates da Apollo foram feitos com aterrissagem no mar;
a posição do CEV, acima do lançador auxiliar, o coloca fora do caminho de detritos que possam cair, como pedaços de espuma ou gelo;
uma torre de fuga, um pequeno foguete que desprende do módulo de comando em uma eventual falha no lançamento, é uma das características originais do CEV. Esse mecanismo é mais seguro do que os procedimentos de abortagem usados no ônibus espacial.
Na próxima seção, analisaremos o módulo de serviço e o foguete auxiliar.
Módulo de serviço do CEV, impulsionadores e CLV
O módulo de serviço do CEV também será cilíndrico, cobrindo e protegendo o escudo térmico da cápsula durante o vôo, dando-lhe potência, propulsão e controle de posicionamento. O módulo de serviço será jogado ao mar antes da reentrada.
Algumas características do módulo de serviço:
um motor de propulsão, que vai usar combustível um pouco mais eficiente, de metano/oxigênio, ao invés da mistura hipergólica da Apollo (tetróxido de hidrazina/nitrogênio). O combustível de metano/oxigênio tem um maior impulso específico do que o tetróxido de hidrazina/nitrogênio, o que significa um tempo maior de queima da mesma massa do propulsor e velocidades maiores. No futuro, poderá ser possível fazer combustível de metano na lua e em Marte, para abastecer esse tipo de veículo.
uma capacidade maior de combustível para fazer diferentes órbitas lunares e desembarques em locais adequados;
painéis solares para gerar eletricidade para complementar a energia das células de combustível;
conduítes que contêm misturas de amônia líquida ou água/glicol, transferindo calor a radiadores, a fim de liberá-lo no espaço. No espaço exterior, a diferença entre a temperatura no sol e na sombra é de mais ou menos 200º C. Esse aquecimento desigual provoca estresse térmico nos metais da estrutura da espaçonave. Para contornar esse efeito, a espaçonave Apollo fez uma rotação em seu eixo quando foi à Lua, permitindo que a radiação solar esquentasse a nave de modo uniforme. A CEV provavelmente fará o mesmo.
Controles de posicionamento com propulsores semelhantes aos da Apollo
A Apollo precisou de um foguete de lançamento grande, o Saturno V, para levar a tripulação e a carga. Os motores principais do ônibus espacial precisavam produzir grande quantidade de propulsão para o veículo pelas mesmas razões. O foguete de lançamento do CEV vai levar apenas a tripulação e não cargas pesadas. Por esse motivo, ele pode ser menor que o da Apollo e do ônibus espacial.
O primeiro estágio do foguete de lançamento do CEV será um foguete de propulsão sólida (SRB) chamado Ares I, semelhante ao do ônibus espacial. O segundo estágio consistirá em um único motor de ônibus espacial, abastecido com hidrogênio líquido e tanques de oxigênio. Nenhum estágio será resgatado ou usado novamente. Os foguetes SRBs do ônibus são ambos recuperados e reutilizados.
A exploração tripulada do espaço requer colocar tanto astronautas como carga útil em órbita. Veículos antigos levavam pessoas e carga útil em um mesmo foguete, mas o conceito do CEV é separar essas duas funções. O CEV levará pesadas cargas úteis, como veículos de desembarque na lua, estágios de transferência lunar e componentes das estações lunar e espacial. Se necessário, o CLV pode também ser preparado para levar pessoas.
O CLV terá dois estágios:
o primeiro estágio, denominado Ares V, terá cinco motores principais, abastecidos com hidrogênio e oxigênio líquidos;
o segundo terá um motor de propulsão principal do ônibus espacial ou um motor da Apollo J-2, também abastecido com hidrogênio e oxigênio líquidos.
Imagem cedida pela NASA / John Frassanito and Associates
Veículo de transporte de carga com módulo lunar
e estágio de partida da Terra