quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Europa dá sinal verde para construção da nave IXV - Lua de Saturno pode ter oceano tão salgado quanto os da Terra‏



Em 2005, a sonda Cassini descobriu jatos de poeira e cristais de gelo saindo da superfície da lua Encélado. Os jatos são tão fortes que uma parte deles escapa da gravidade da lua e abastece o anel mais externo de Saturno, o chamado anel E.
Em 2008, os cientistas Juergen Schmidt (Universidade de Potsdam) e Nikolai Brilliantov (Universidade de Leicester) desenvolveram uma teoria para explicar essas enormes colunas de vapor (veja Explicado gêiser espacial de uma das luas de Saturno). Para funcionar, a teoria pressupõe a existência de um oceano de água líquida abaixo da superfície congelada da lua de Saturno, algo até então não comprovado.
O sal da lua
Agora, o mesmo grupo de pesquisadores, em colaboração com colegas alemães, afirmaram ter obtido a primeira evidência experimental da presença desse oceano. Ao detectar sais de sódio no grânulos de gelo do anel mais externo de Saturno, os cientistas acreditam ter encontrado a prova definitiva não apenas de que o oceano está lá, mas também de que ele é salgado, quase tão salgado quanto os oceanos da Terra.
Usando dados do instrumento CDA (Cosmic Dust Analyzer: analisador de poeira cósmica) da sonda Cassini, e comparando-os com experimentos em laboratório, os pesquisadores demonstraram que a concentração de cloreto de sódio no oceano de Encélado possui entre 0,1 e 0,3 moles de sal por quilograma de água.
Os cientistas concluíram que apenas a existência de água líquida em Encélado pode explicar a dissolução das quantidades significativas de minerais detectadas nos cristais de gelo. Apenas o processo de sublimação, o mecanismo pelo qual o vapor é liberado diretamente do gelo sólido na crosta da lua não é capaz de explicar a presença do sal nas concentrações verificadas.
"Nós acreditamos que os sais existentes nas rochas nas profundezas de Encélado foram intemperizadas pela camada de água líquida desse oceano," diz o pesquisador Frank Postberg, da missão Cassini.
Elementos precursores da vida
Além do cloreto de sódio, o sal de cozinha, os cientistas descobriram que as partículas de gelo do anel E também contêm carbonatos, como a soda cáustica, o que coincide com a composição do oceano de Encélado prevista pela teoria. O achado tem implicações diretas para a existência de alguma forma de vida na lua.
"Os carbonatos determinam um pH levemente alcalino. Se a fonte líquida for um oceano, ela poderá oferecer um ambiente adequado para a formação dos elementos precursores da vida, quando se junta isto com as informações do calor medido próximo ao pólo sul de Encélado e aos compostos orgânicos encontrados no jatos de gelo," diz Postberg.
Resultados controversos
Contudo, em outro estudo publicado na mesma edição da revista Nature (veja bibliografias abaixo), pesquisadores que utilizaram observatórios instalados no solo não encontraram sinais do sódio, um componente essencial dos sais. Segundo eles, a quantidade de sódio sendo ejetado por Encélado é de fato menor do que o observado ao redor de muitos outros corpos estelares.
A diferença é que esses cientistas procuraram pelo sódio diretamente nas colunas de vapor de Encélado, e não no anel E de Saturno, que é abastecido pelo gelo ejetado continuamente por estas colunas. Eles argumentam que, se o jato de vapor vem de um oceano, a evaporação deve acontecer lentamente em grandes profundidades, e não como um violento gêiser em erupção rumo ao espaço.
A descoberta de sal na coluna de vapor forneceria a evidência direta para a existência de água líquida sob a superfície congelada da lua de Saturno. Contudo, se o sódio de fato não existe, as conclusões sobre como a água se acumula no subsolo da lua podem mudar completamente.
Suaves colunas de vapor espacial
"O quadro original traçado para explicar as colunas de vapor, como se fossem gêiseres em erupção violenta, está mudando." diz Postberg. "Elas parecem mais com jatos contínuos de vapor e gelo alimentados por um grande reservatório de água. Entretanto, nós não podemos decidir ainda se a água está de fato 'presa' no interior de grandes bolsões na grossa camada de gelo de Encélado ou se ela está conectada a um grande oceano em contato com o núcleo rochoso da lua."
Os esforços de pesquisa do assunto não param por aqui: a descoberta da composição e da origem do material que forma as colunas de vapor de Encélado são a principal prioridade da missão estendida da sonda Cassini, que deverá durar pelo menos mais dois anos.

Europa dá sinal verde para construção da nave IXV

Veículo de reentrada na atmosfera
A Agência Espacial Europeia (ESA) deu o sinal verde para o início da construção de um novo veículo de reentrada na atmosfera, destinado a trazer de volta carga e tripulação do espaço. O IXV, ou Veículo Experimental Intermediário, faz parte do Programa Preparatório de Lançadores do Futuro (FLPP) da ESA.
O objetivo do projeto IXV é desenvolver um veículo demonstrador (para teste de tecnologias e materiais) de reentrada atmosférica autônomo, com um desempenho aerodinâmico aprimorado, graças ao seu formato, e equipado com um sistema de controle baseado em superfícies aerodinâmicas e de propulsão e com proteção térmica avançada para a reentrada atmosférica.
Acima da Estação Espacial Internacional
O veículo pesará cerca de 1800 kg e será lançado por um foguete Vega a partir do Porto Espacial Europeu em Kourou, na Guiana Francesa. O foguete colocará o IXV a uma altitude de aproximadamente 450 quilômetros, um pouco acima da altitude normal da Estação Espacial Internacional, o que o capacitará a diversos tipos de missão, além da realização autônoma de experimentos no espaço.
A partir de lá o veículo experimental iniciará o voo de regresso à Terra, caindo de uma forma segura e suave no Oceano Pacífico.
Com uma velocidade de entrada aproximada de 7,5 quilômetros por segundo, o IXV realizará, já em seu voo de estreia, uma missão completa, totalmente representativa dos voos que ele deverá realizar quando for posto em serviço.
Novas tecnologias
"A missão do IXV é uma oportunidade única para procurar resolver uma grande parte das necessidades básicas europeias da reentrada a partir da órbita baixa, consolidando a experiência e os conhecimentos necessários para o desenvolvimento de qualquer futuro sistema de reentrada europeu, em especial o desempenho aerodinâmico e a característica aerotermodinâmica da fase de reentrada, os materiais de proteção térmica e o sistema de controle, orientação e navegação," declarou Giorgio Tumino, diretor do projeto IXV da ESA."
A empresa Thales Alenia Space será responsável pela concepção, desenvolvimento e integração do veículo e liderará uma equipa composta pelas maiores indústrias europeias e integrada nas universidades e nos centros de investigação da Áustria, Bélgica, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Portugal, Espanha, Suécia, Suíça e Holanda. A entrega do veículo à ESA está planejada para o fim de 2012.

Pedra de Roseta Digital vai guardar dados por 1.000 anos
Redação do Site Inovação Tecnológica - 26/06/2009

A corrida por memórias mais rápidas, de maior capacidade e cada vez mais miniaturizadas parece não ter fim. E provavelmente não terá. Mas agora começou uma nova corrida, à medida que cresce a preocupação com a manutenção dos dados digitais para a posteridade.
Dados digitais ameaçados
A humanidade tem gerado dados e informações que superam anualmente o que havia sido criado durante séculos de história. Contudo, os meios de armazenamento digital estado-da-arte não duram mais do que 100 anos.
E os dados são simplesmente perdidos para sempre, seja por ação do magnetismo natural do ambiente, da umidade ou da simples deterioração pelo tempo. Um DVD de última geração não dura mais do que 30 anos.
Pedra de Roseta Digital
Pesquisadores japoneses acreditam ter achado uma possível solução para o problema: a criação do que eles batizaram de Pedra de Roseta Digital. A Pedra de Roseta foi um achado arqueológico que permitiu que os estudiosos decifrassem os hieróglifos egípcios.
O nome foi escolhido tanto por pretender que as gerações futuras acessem o conhecimento gerado hoje, como porque o aparato de armazenamento agora idealizado lembra uma rocha metamórfica, como a ardósia e outras pedras ornamentais, que são formadas em camadas.
Armazenamento em memória ROM
A proposta dos cientistas das universidades de Keio e Kyoto, em conjunto com a empresa Sharp, é um sistema de armazenamento de dados baseado em pastilhas de silício. Os dados são gravados no hardware, com os bits ocupando o lugar dos transistores e outros componentes eletrônicos no interior de um chip.
Os dados são escritos diretamente em uma pastilha de silício de 15 polegadas (38,1 cm) como se fossem uma memória ROM tradicional (ROM: Read Only Memory - memória somente para leitura), usando um feixe de elétrons.
As diversas pastilhas são empilhadas e seladas com óxido de silício, formando um aglomerado coeso, parecido com os grandes HDs dos primeiros computadores de grande porte e lembrando as ocorrências de ardósia e outras pedras decorativas.
A leitura é feita sem contato, por meio de uma outra pastilha de silício colocada sobre o grande disco ROM. Esta pastilha de leitura fornece a eletricidade necessária, sem fios e sem contato direto, para que as diversas pastilhas armazenadoras leiam seus próprios dados e os transmitam para a pastilha de leitura - um esquema com o mesmo conceito de funcionamento das etiquetas RFID.
RFID
No primeiro protótipo, apresentado pelo

Pedra de Roseta Digital vai guardar dados por 1.000 anos

Cientistas japoneses criaram um novo esquema de armazenamento de dados feito para preservar o conhecimento da humanidade para as gerações futuras.[Imagem: Keyo University]

A corrida por memórias mais rápidas, de maior capacidade e cada vez mais miniaturizadas parece não ter fim. E provavelmente não terá. Mas agora começou uma nova corrida, à medida que cresce a preocupação com a manutenção dos dados digitais para a posteridade.
Dados digitais ameaçados
A humanidade tem gerado dados e informações que superam anualmente o que havia sido criado durante séculos de história. Contudo, os meios de armazenamento digital estado-da-arte não duram mais do que 100 anos.
E os dados são simplesmente perdidos para sempre, seja por ação do magnetismo natural do ambiente, da umidade ou da simples deterioração pelo tempo. Um DVD de última geração não dura mais do que 30 anos.
Pedra de Roseta Digital
Pesquisadores japoneses acreditam ter achado uma possível solução para o problema: a criação do que eles batizaram de Pedra de Roseta Digital. A Pedra de Roseta foi um achado arqueológico que permitiu que os estudiosos decifrassem os hieróglifos egípcios.
O nome foi escolhido tanto por pretender que as gerações futuras acessem o conhecimento gerado hoje, como porque o aparato de armazenamento agora idealizado lembra uma rocha metamórfica, como a ardósia e outras pedras ornamentais, que são formadas em camadas.
Armazenamento em memória ROM
A proposta dos cientistas das universidades de Keio e Kyoto, em conjunto com a empresa Sharp, é um sistema de armazenamento de dados baseado em pastilhas de silício. Os dados são gravados no hardware, com os bits ocupando o lugar dos transistores e outros componentes eletrônicos no interior de um chip.
Os dados são escritos diretamente em uma pastilha de silício de 15 polegadas (38,1 cm) como se fossem uma memória ROM tradicional (ROM: Read Only Memory - memória somente para leitura), usando um feixe de elétrons.
As diversas pastilhas são empilhadas e seladas com óxido de silício, formando um aglomerado coeso, parecido com os grandes HDs dos primeiros computadores de grande porte e lembrando as ocorrências de ardósia e outras pedras decorativas.
A leitura é feita sem contato, por meio de uma outra pastilha de silício colocada sobre o grande disco ROM. Esta pastilha de leitura fornece a eletricidade necessária, sem fios e sem contato direto, para que as diversas pastilhas armazenadoras leiam seus próprios dados e os transmitam para a pastilha de leitura - um esquema com o mesmo conceito de funcionamento das etiquetas RFID.
RFID
No primeiro protótipo, apresentado pelos pesquisadores durante o 2009 Symposium on VLSI Circuits, no Japão, os pesquisadores utilizaram uma tecnologia CMOS de 45 nanômetros para construir as pastilhas ROM de armazenamento. Quatro dessas pastilhas empilhadas fornecem uma capacidade de armazenamento de 2,5 Terabits.
Os testes já avançaram para um chip ROM - a parte do circuito onde os dados são gravados - medindo 5 x 5 milímetros. Ao seu lado ficam duas bobinas, uma de 2 milímetros de diâmetro para recepção da energia elétrica necessária para seu funcionamento, e outra, de 0,4 milímetro, para transmissão dos dados.
Segundo os pesquisadores, utilizando quatro canais de comunicação sem fios, é possível suprir 56 mW de potência para a Pedra de Roseta Digital, mais do que suficiente para seu funcionamento seguro. A velocidade de leitura dos dados atinge 150 Mbps.
Memória eterna
A Pedra de Roseta Digital é promissora para o armazenamento de dados críticos, embora o sistema de gravação, com o nível atual de tecnologia, impeça seu uso fora dos ambientes de fabricação de chips.
Há menos de um mês, pesquisadores da Universidade de Berkeley apresentaram uma solução diferente, baseada em nanotubos de carbono. Embora ainda não tenha gerado um protótipo funcional, a proposta fala em uma "memória eterna," capaz de durar mais de um bilhão de anos - veja Memória "eterna" poderá guardar dados por 1 bilhão de anos.
s pesquisadores durante o 2009 Symposium on VLSI Circuits, no Japão, os pesquisadores utilizaram uma tecnologia CMOS de 45 nanômetros para construir as pastilhas ROM de armazenamento. Quatro dessas pastilhas empilhadas fornecem uma capacidade de armazenamento de 2,5 Terabits.
Os testes já avançaram para um chip ROM - a parte do circuito onde os dados são gravados - medindo 5 x 5 milímetros. Ao seu lado ficam duas bobinas, uma de 2 milímetros de diâmetro para recepção da energia elétrica necessária para seu funcionamento, e outra, de 0,4 milímetro, para transmissão dos dados.
Segundo os pesquisadores, utilizando quatro canais de comunicação sem fios, é possível suprir 56 mW de potência para a Pedra de Roseta Digital, mais do que suficiente para seu funcionamento seguro. A velocidade de leitura dos dados atinge 150 Mbps.
Memória eterna
A Pedra de Roseta Digital é promissora para o armazenamento de dados críticos, embora o sistema de gravação, com o nível atual de tecnologia, impeça seu uso fora dos ambientes de fabricação de chips.
Há menos de um mês, pesquisadores da Universidade de Berkeley apresentaram uma solução diferente, baseada em nanotubos de carbono. Embora ainda não tenha gerado um protótipo funcional, a proposta fala em uma "memória eterna," capaz de durar mais de um bilhão de anos - veja Memória "eterna" poderá guardar dados por 1 bilhão de anos.

Sodium salts in E-ring ice grains from an ocean below the surface of Enceladus
F. Postberg, S. Kempf, J. Schmidt, N. Brilliantov, A. Beinsen, B. Abel, U. Buck, R. Srama
Nature
25 June 2009
Vol.: 459, 1098-1101
DOI: 10.1038/nature08046

No sodium in the vapour plumes of Enceladus
Nicholas M. Schneider, Matthew H. Burger, Emily L. Schaller, Michael E. Brown, Robert E. Johnson, Jeffrey S. Kargel, Michele K. Dougherty, Nicholas A. Achilleos
Nature
25 June 2009
Vol.: 459, 1102-1104
DOI: 10.1038/nature08070